O Braille surgiu na França em meados de 1815, era um período de guerra, e as mensagens que circulavam na época não podiam ser lidas a noite, pois havia a necessidade de luz, o que certamente chamaria a atenção dos inimigos. Foi a partir da necessidade de ler sem gerar desconfiança dos opositores que Charles Barbier, oficial de artilharia na época, criou um processo de escrita em relevo por pontos que pudessem ser lidos com os dedos, sem precisar da luz, e deu-lhe o nome de “sistema de escrita nocturna”.
Foi então, que Louis Braille, que ficara cego aos três anos devido acidente e, estudava na Instituição Nacional dos Jovens Cegos de Paris soube da escrita nocturna e, rapidamente entrou em contato com Charles Babier e passou a estudar seu sistema, o aperfeiçoou, reduzindo para seis pontos. Nasceu naquele momento, um novo método que se tornou universal: Método da Escrita Braille, que resume - se na célula Braille.
A educação é essencial para obtenção de uma população consciente e uma nação desenvolvida, um processo que deve começar bem cedo, nos primeiros anos de vida da criança, que é quando a mesma aprende o alfabeto e a formar sílabas por exemplo, mas, será que todas as crianças brasileiras têm essa oportunidade? São questionamentos que devem fazer parte de nossa rotina diária, para que haja cobrança pela garantia deste direito básico.
Educação em sua plenitude. Cerca de 23,9% (45,6 milhões de pessoas) da população brasileira tem algum tipo de deficiência, e a deficiência visual aparece em maior número, afetando 3,6% dos brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais causas de cegueira no Brasil são: catarata, glaucoma, retinopatia diabética, cegueira infantil e degeneração macular. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010 mostram que no Brasil mais de 6,5 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência visual o que aumenta a necessidade da educação em Braille.
O Braille é um sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas cegas permitindo que esses usuários leiam desde livros, a rótulos de alimentos, bulas de medicamentos, informações de contas a pagar, etc., o problema, é que o Sistema Braille ainda é bastante limitado no processo educacional brasileiro, o que tem atrapalhado a educação de crianças, jovens e adultos com deficiência visual que buscam sua autonomia, conquista que vem através da leitura, da educação.
Para você querido leitor(a) que não conhece, na leitura braille são usados caracteres em relevo, em combinações distintas de seis pontos, organizados em unidades de dois pontos na largura e três na altura. Os símbolos são trabalhados da esquerda para a direita, e geralmente o usuário/leitor o lê com uma das mãos e com a outra, o mantém na posição vertical.
O ensino do Braille necessita também que o contato entre professor e aluno seja individualizado e próximo, pois o professor neste processo é uma fonte inesgotável de aconselhamento e base para o aluno, para orientá-lo, sanar suas dúvidas e ajudá-lo superar seus medos e inseguranças.
A educação em Braille torna-se necessária para milhares de deficientes visuais que lutam por seus direitos e buscam sua autonomia, mas, ainda há um longo caminho a ser percorrido desde a aprendizagem até a leitura em larga escala, porque faltam professores capacitados e livros em Braille no Brasil (só para pontuar alguns), um problema que precisa ser sanado de forma emergencial.
Por: Gildene Costa
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